Era muito grande a expectativa no meio hípico em relação aos jogos Pan Americanos, uma vez que as duas melhores equipes de adestramento, CCE e salto de obstáculos carimbariam o passaporte de seus países para as olimpíadas de Tóquio 2020.
O Brasil teve um desempenho excelente na competição, superando as expectativas e garantido as vagas nas olimpíadas para todas as três modalidades.
A equipe de adestramento foi a primeira a conseguir a classificação para as olimpíadas, conquistando a medalha de bronze. Com a equipe formada por João Paulo Santos / Carthago Comando SN que teve 69,265% aproveitamento, João Victor Oliva / Biso das Lezírias, 65,029%, ambos na Intermediate I, Leandro Aparecido da Silva / Dicaprio, 67,798%, e Pedro Tavares de Almeida / Aoleo, 67,160%, no Grand Prix. O ouro ficou com a equipe do Canada e os Estados Unidos com a de prata. Como os Estados Unidos já tinham garantido sua vaga nos Jogos Equestres Mundias, o Brasil conquistou sua vaga para as olimpíadas.
João Paulo e Carthago Comando SN
João Victor e Biso da Lezírias
Leandro e Dicaprio
Pedro e Aoleo
Sandra Smith de Oliveira Martins, chefe da equipe
O Time Brasil de Concurso Completo de Equitação (CCE - adestramento, cross country e salto), nos Jogos Pan-americanos Lima 2019, também alcançou excelentes resultados em Lima. Com a conquista da medalha de prata por equipes, o Brasil carimbou o passaporte para as Olimpíadas de Tóquio 2020 e também levou o bronze individual com Carlos Parro, o Cacá, montando Quaikin Quious. Um fato lamentável foi a desclassificação do experiente cavaleiro Rui Fonseca durante o percurso de cross country, quando seu cavalo, Ballypatrick SRS, tropeçou e caiu sobre o cavaleiro, que infelizmente fraturou três costelas e o ombro esquerdo
Rui Fonseca e Ballypatrick
Cacá, pódio individual
A equipe formada por Rafael Mamprin Losano / Fuiloda G, Marcelo Tosi / Starbucks e Carlos Parro / Quaikin Quious garantiu prata com apenas 122,1 pontos perdidos (pp), os EUA foram ouro, 91,2 pp, e o Canadá, bronze, totalizando 183, 7 pp. Apenas as equipes medalha de ouro e prata garantiram vaga de seus países em Tóquio. Dos 42 conjuntos, somente 22 disputaram a final do salto idealizada pelo renomado curse designer brasileiro Guilherme Jorge.
Pódio Equipes
Rafa e Fuiloda G
Rafa e Fuiloda G
Cacá e Quaikin Quious
Cacá e Quaikin Quious
Marcelo Tosi com Starbucks
Marcelo Tosi com Starbucks
Galope da vitória
Rafael Losano, Carlos Parro e Marcelo Tosi
Time Brasil de Salto no Pan conquistou ouro e é hexacampeão na história dos Jogos. Conquista da equipe também rendeu ao país a vaga em Tóquio 2020, a exemplo das modalidades de Concurso Completo (prata) e Adestramento (bronze).
Na quarta-feira, 7/8, aconteceu a grande final por equipes, valendo vaga olímpica para os três primeiros países sendo disputada em dois percursos, a 1.60 metro, com 13 obstáculos totalizando 16 esforços (saltos) no Club Hípico Militar La Molina, em Lima, no Peru. O Time Brasil - Marlon Modolo Zanotelli / Sirene de La Motte, Rodrigo Lambre / Chacciama, Eduardo Menezes / H5 Chaganus e Pedro Veniss / Quabri de L Isle - liderado pelo técnico suíço Phillip Guerdat e chefe de equipe Pedro Paulo Lacerda conquistou ouro com 12,39 pontos perdidos (pp), o México foi prata, 22,97 pp e os EUA, bronze, 23,09 pp.
Equipe medalha de ouro
Pedro e Quabri
Pedro e Quabri 3 percursos sem faltas
Marlon e Sirene de La Motte
Eduardo e H5 Chaganus
Rodrigo e Chacciama
A equipe do Brasil com o técnico Philipp Guerdat
Luiz Felipe, Marlon, Pedro, Rodrigo e Eduardo
Desde do Pan-americano de 2007, o Brasil não conquistava ouro por equipes. O país também foi campeão nos Pans em 1967 e 1999 no Canadá, 1991 em Cuba, 1995 na Argentina e agora nos Jogos Pan-americanos de Lima conquistando o hexacampeonato. Duas pratas por equipes foram conquistados em 1959 em Chicago, EUA, e em 2011 em Guadalajara, México e único bronze em 2003 em Santo Domingo. Além do Brasil, somente os EUA detém o hexa.
Também desde 2007 o Brasil não subia ao pódio nas três modalidades em Jogos Pan-americanos. No Pan Rio 2007, o Salto foi ouro e o Adestramento e Concurso Completo, bronze. Agora em Lima, o saldo foi ainda melhor: Salto, ouro, Concurso Completo, prata e Adestramento, bronze. "Garantindo as medalhas, cumprimos o nosso grande objetivo que era a qualificação para Tóquio", comemorou Ronaldo Bittencourt Filho, presidente da Confederação Brasileira de Hipismo. "Precisamos também agradecer os integrantes das equipes que garantiram a nossa vaga no Pan nas seletivas sul-americanas e todos que participaram do processo seletivo", reforçou o chefe de equipe Pedro Paulo Lacerda.
Na disputa individual da saltos a alegria ficou completa. Marlon Zanotelli sagrou-se o campeão pan-americano de salto em Lima 2019.
Marlon Zanotelli com Sirene de La Motte
Foram 32 os conjuntos habilitados para a grande final disputada sob dois percursos, a 1.60 metro, no Club Hípico Militar, sede do hipismo nos Jogos, com armação do brasileiro Guilherme Jorge. Após a primeira passagem, quatro conjuntos viraram sem faltas, entre eles Marlon, e nove com um derrube, incluindo Pedro. No segundo e decisivo percurso, Marlon com sua Sirene foi o primeiro dos conjuntos zerados a entrar em pista na corrida pelo pódio. Com mais um percurso impecável viria a ser o único a garantir dois percursos sem faltas: assim Marlon, 31, maranhanense, que há 11 anos mora na Europa, conquistou o 1º ouro individual do Brasil na história dos Jogos.
O argentino José Maria Larocca com Finn Lente foi vice fechando com apenas 1 ponto perdido na 2ª volta. Outros quatro conjuntos habilitaram-se para o desempate pelo bronze, três saltaram e ao final valeu a experiencia da top norte-americana Elizabeth Madden, campeã olímpica e mundial por equipes, montando Breitling LS que zerou em 42s47. O brasileiro Pedro com seu Quabri de L Isle zerou a 2ª volta, mas perdeu um ponto por excesso, fechando com 5 pontos perdidos em 7º lugar.
Marlon e Sirene de La Motte
"Foi uma semana incrível: a equipe toda está de parabéns, não tenho palavras para explicar o que aconteceu aqui. É o resultado de um trabalho que vem de longe, da união da equipe brasileira, tratadores, treinador, chefe equipe, minha família e time na Bélgica, minha esposa Angelica Augustsson, unidos com foco único. Agradeço também ao Arnaud Dessain, proprietário da minha égua Sirene de la Motte, por toda a confiança", destacou o Marlon, 31, radicado na Bélgica, ao lado do pai Mario, ambos bastante emocionados.
Mario Zanotelli e o filho campeão
Filho mais velho de quatro irmãos, Marlon Zanotelli traz no sangue a paixão por cavalos. A tradição começou com o avô, militar que montava na cavalaria do Rio Grande do Sul, e se perpetuou com o pai, que aprendeu a montar no Regimento, foi cavaleiro de Concurso Completo e que acabou se tornando instrutor e dirigente de uma escola de equitação em São Luiz, capital maranhense. Foi onde Marlon começou a montar aos cinco anos. Moraram no Rio de Janeiro e depois em Fortaleza.
Aos 12 anos, o garoto já tinha decidido que queria ser cavaleiro profissional. De início o pai não concordou. O garoto não desistiu, e seu pai Mário vendo a desenvoltura do filho em cima de uma sela resolveu investir no sonho do filho. Vendeu a casa, comprou um caminhãozinho e foi desbravar o Brasil em busca de competições. Na boléia, os pais e o tratador do cavalo. Foram milhares de quilômetros percorridos, e a cada competição começou a se moldar um cavaleiro que aliava talento natural dedicado aos treinos, esforçado e muito disciplinado.
Aos 12 anos, o garoto já tinha decidido que queria ser cavaleiro profissional. De início o pai não concordou. O garoto não desistiu, e seu pai Mário vendo a desenvoltura do filho em cima de uma sela resolveu investir no sonho do filho. Vendeu a casa, comprou um caminhãozinho e foi desbravar o Brasil em busca de competições. Na boléia, os pais e o tratador do cavalo. Foram milhares de quilômetros percorridos, e a cada competição começou a se moldar um cavaleiro que aliava talento natural dedicado aos treinos, esforçado e muito disciplinado.
"Seguindo o conselho do meu pai terminei o 2º grau, estudei inglês para somente depois ir para Europa, e acabei me formando em marketing em curso online", lembra Marlon. Aos 20 anos, o cavaleiro foi estagiar na Bélgica com o cavaleiro olímpico Ludo Philippaerts. Nos dois anos em que ficou no centro de treinamento do cavaleiro olímpico começou a aprender como funciona o hipismo na Europa, acompanhou o dia a dia de seus ídolos no esporte como Rodrigo Pessoa, Doda Miranda e Pedro Veniss. Queria aprimorar sua equitação e um dia competir de igual para igual com eles. Não demorou em que isso acontecesse.
Marlon e Sirene de La Motte
Comemoração junto com o companheiro de equipe Pedro Veniss teve até queda...
O aprendizado se consolidou quando começou a trabalhar na Ashford Farm, centro de treinamento do empresário irlandês Enda Caroll, na Bélgica. Trabalhava e competia no circuito europeu nos mais importantes concursos internacionais. Na Ashford Farm, Marlon não apenas evoluiu como cavaleiro, mas também foi onde conheceu Angelica Augustsson, amazona sueca de ponta com quem casou em 2015. Hoje, os dois têm um centro de treinamento próprio, o Augustsson Zanotelli, em Bree, Bélgica.
"Na vida há altos e baixos e esse é um grande aprendizado. É preciso acreditar e trabalhar para conquistar", pondera Marlon. "Desde 2013, eu trabalho com uma psicóloga do esporte suíça, uma pessoa incrível, que tem me ajudado muito no esporte para me preparar para essa hora de estresse, ansiedade e tensão. Assim tento me deixar o mais pronto possível para alcançar os meus objetivos", revelou Marlon, enfatizando ainda o papel inegável de seu pai na conquista. "Desde moleque sempre treinei com meu pai, ele me ajuda bastante junto com minha esposa que compete em alto nível. Mas sempre que tenho algum problema quem resolve é esse cara (meu pai). Vamos Brasil, essa medalha é de todos nós, vamos rumo a Toquio!"
Marlon com seus pais Mario e Maristela em entrevista para ESPN
Na disputa individual, das seis medalhas conquistadas somente a de Marlon Zanotelli é de ouro, duas foram de prata e três de bronze. A primeira prata veio em 1967 em Winnipeg com Nelson Pessoa Filho, o Neco, montando Gran Geste, e em 2007, no Rio de Janeiro, com o filho de Neco, Rodrigo Pessoa montando Rufus. Dos três bronzes, dois foram conquistados por Vitor Alves Teixeira: em 1991 em Havana montando Zurquis e em 1999 em Winnipeg com Jolly Boy. O terceiro bronze individual foi de Bernardo Resende Alves com Bridgit nos Jogos de Guadalajara 2011.
Ouro Marlon Modolo Zanotelli / Sirene de la Motte - BRA - 0/0 - 0 pp
Prata José Maria Larocca / Finn Lente - ARG - 0/1 - 1 pp
Bronze Elizabeth Madden / Breitling LS - EUA - 4/0 - 0/42s47
Prata José Maria Larocca / Finn Lente - ARG - 0/1 - 1 pp
Bronze Elizabeth Madden / Breitling LS - EUA - 4/0 - 0/42s47
Fonte: CBH
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